Grandes feitos

Texto levemente adaptado da Revista Revide, Edição Especial A volta do Leão, de 1993.

Uma das maiores façanhas do Comercial até hoje foi registrada numa excursão para o Norte e Nordeste do país, em abril de 1920. O time contava com atletas como Alvino, Dantas, Timóteo Grota, Belmácio, João Palma Guião e Augusto Achê. Foram oito partidas, nas quais a esquadra comercialina ganhou sete e empatou uma. O empate aconteceu contra a seleção de Pernambuco. Mas o Náutico, o Santa Cruz, a seleção do Recife e seleção de Salvadar se renderam à força do Leão. A partida mais emocionante foi contra o Santa Cruz. Os mais antigos ainda lembram que o juiz apitava com um revólver na cintura e claro, a favor do time da casa. Porém, um chute certeiro do meia esquerda Quinim, "do meio da rua", entrou no ângulo e não houve como contestar. O árbitro ainda marcou um pênalti para a equipe pernambucana, mas o goleiro Alvino fez uma defesa histórica. Inconformados, alguns torcedores invadiram o gramado e seguiram-se trinta minutos de pancadaria, a muito custo conformada pela PM. Na volta, uma grande festa de Ribeirão recepcionava o time que passava a ser conhecido como Leão do Norte.

Ainda na década de 20, o Comercial enfrentou aqui em Ribeirão Preto a Seleção Argentina. Foi um jogo emocionante. No final o empate de um a um foi justo para as duas equipes. O Leão saiu na frente com um gol de Pequitote. Faltavam três minutos para o final da partida, quando o juiz assinalou um pênalti para os argentinos, que empataram a partida. O jogo foi realizado no primeiro estádio do Comercial, onde hoje se encontra a Sociedade Recreativa e de Esportes. O Leão mostrou suas garras também no exterior. Em junho de 1928, enfrentou em Montevidéu o Peñarol Universitário. Para desespero dos uruguaios, o time de Ribeirão Preto venceu por dois a zero, com gols de Vespu e Chapa.

Com o ressurgimento em 1954, o Comercial, perdendo ou ganhando, continuou se apresentando sempre como um grande adversário em jogos oficiais ou amistosos. Partidas como o primeiro Come-Fogo (oficial) em 1954 ou os quatro a zero sobre o Corinthians de Presidente Prudente, em 1959, que levou o time para a Primeira Divisão, com certeza ainda estão na memória dos torcedores mais antigos. Na década de 60, afirmam alguns torcedores, o Leão viveu uma de suas melhores fases. Em 65, por exemplo, jogando contra o Corinthians da capital, aqui em Ribeirão, venceu por três a dois e sagrou-se campeão da Copa Ribeirão Preto. Nesse mesmo torneio já havia vencido o Fluminense do Rio de Janeiro pelo mesmo placar. O Botafogo carioca foi o lanterna da competição. O time era formado por craques como Rosan, o goleiro, Ferreira, Antoninho e Paulo Bim.

"O Leão Engoliu o Periquito Sem Pena", era a manchete dos jornais em 1965, relatando uma vitória do Comercial sobre a Sociedade Esportiva Palmeiras por três a um, quando quebrou uma invencibilidade de 14 jogos do Verdão do Parque Antártica. Um feito para a época, pois o Palmeiras tinha no elenco Djalma Santos, Djalma Dias, Dudu, o divino Ademir da Guia e despontava como uma academia de futebol. O Santos de Pelé foi campeão paulista daquele ano, e o Comercial ficou em oitavo lugar. Na inauguração dos refletores de Palma Travassos, no dia 4 de fevereiro de 66, o Verdão voltou a ser derrotado por três a zero. Uma prova de que em casa o Leão é uma parada dura mesmo para os times grandes da capital.

Entre outras goleadas, registra-se uma histórica sobre o Bragantino, também em 66. O time de Bragança foi massacrado em Ribeirão. O Comercial venceu por oito a um. Fazer cinco gols no Santos de Pelé e companhia era algo quase impossível para os times da época. Numa partida memorável, no dia 13 de outubro daquele ano, o Comercial perdeu mas conseguiu essa façanha. Em plena Vila Belmiro, o resultado de sete a cinco para os santistas dá a dimensão do espetáculo (o Comercial chegou a estar ganhado por cinco a quatro).

Muitas vezes, quando não tinha um grande elenco, os jogadores do Comercial se valiam da garra para buscar grandes resultados. Foi assim que em 1974 quebrou um tabu de sete anos e nove meses ao vencer o Botafogo pela primeira vez no estádio Santa Cruz. O placar foi de dois a um para o Comercial, gols de Davi e Jader. Sócrates marcou para o Botafogo. O time ainda realizou outras façanhas naquela década. Em 74, o Leão cruzou mais uma vez o caminho do Palmeiras. Venceu por dois a zero em pleno Parque Antártica, e o Verdão não se classificou para a disputa do primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano. Luisão marcou os dois gols. No segundo turno, o Palmeiras deu a volta por cima e conquistou o campeonato daquele ano. O Comercial ficou em sétimo lugar. Chegam os anos 80 e novamente com grandes jogadores no elenco, como Pedro Omar, Benazzi, antes de cair em 86, o Comercial continuou proporcionando belas partidas e ainda teve uma ótima participação na Taça de Prata, a segunda divisão do campeonato brasileiro de 80, terminando a primeira fase em primeiro lugar. Em 1981, com uma bela campanha no primeiro turno do campeonato paulista, foi campeão do grupo vermelho batendo o Marília por dois a zero, gols de Neca e Vanderlei. Naquele dia, a torcida invadiu o campo. Foi uma festa. São essas grandes e memoráveis partidas que a alegre torcida alvinegra nunca vai esquecer.

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